A Casa da Imprensa assinala os 80 anos da “Insurreição do Gueto de Varsóvia” com uma exposição, que estará patente até ao dia 18 de maio, e com o lançamento do livro comemorativo deste acontecimento.
A exposição que conta com o apoio da Livraria Lello, do Museu de Varsóvia, da Câmara Municipal de Lisboa e da Junta de Freguesia da Misericórdia, é uma iniciativa conjunta da Casa da Imprensa com o coletivo “Insurretos”, composto por João Barroso Soares, Jorge Silva, José Manuel Saraiva e Manuela Rego – o mesmo grupo de pessoas organizou a “Quinzena Jean Moulin”, em setembro/outubro de 2021.
A inauguração da exposição contou com a presença não só dos organizadores, como também da Embaixadora da Polónia, Joanna Maria Pilecka, e do Embaixador de Israel, Dor Shapira, que deixaram umas palavras aos presentes, recordando aqueles que «defenderam a dignidade humana com o sacrifício das suas vidas.»
António Borges, Presidente da Casa da Imprensa, deu as boas-vindas a todos e agradeceu ao coletivo por esta homenagem aos que «morreram de armas nas mãos contra a barbárie alemã.» Também João Barroso Soares, em representação do Coletivo “Insurretos” agradeceu à Lello por todo o apoio e também ao Cinema Ideal pelo ciclo de cinema que está a promover, dedicado ao tema do Gueto de Varsóvia. Aproveitou a ocasião para recordar um membro do coletivo, João Paulo Cotrim, já falecido, que desde a primeira hora apoiou a criação dos “Insurretos”.
Para João Barroso Soares, é importante recordar a insurreição do Gueto de Varsóvia, relembrar o que aconteceu e agradecer também a todos os tiraram as fotos do acontecimento, que compõem esta exposição, porque é graças a essas fotografias que hoje podemos documentar os factos acontecidos. Os próprios autores das fotografias fizeram questão de referir que o fizeram para que as gerações futuras não duvidassem das atrocidades cometidas pelos alemães, durante o Holocausto.
A Embaixadora da Polónia, Joanna Pilecka, agradeceu aos organizadores por esta homenagem, relembrando que estes combatentes deram a sua própria vida pela Liberdade. Recordou ainda que a Insurreição foi um ato desesperado de resistência contra a ocupação alemã que durou vários dias e relembrou o sacrifício dos dirigentes da revolta, que no dia 7 de maio desse ano, quando os alemães entraram no gueto e cercaram o bunker, ao se sentirem encurralados, acabaram por se suicidar, sacrificando a sua própria vida pela dignidade humana. Terminou, citando a poetiza polaca Wislawa Szymborska «A eternidade dos mortos permanece enquanto eles são lembrados.»
Também o Embaixador de Israel, Dor Shapira, enalteceu a iniciativa de num país como Portugal existirem pessoas que perceberam a importância de manter via a memória do que aconteceu e a perpetue para as gerações futuras. Referiu que devemos sempre recordar aqueles que morreram às mãos dos nazis, mas também todos aqueles que sobreviveram. Devemos recordar os 6 milhões que morreram, para manter a memória viva para as futuras gerações, para garantir que nunca mais volta a acontecer. Citando a última carta escrita pelo líder da revolta Mordechai Anielewicz: “O fato de sermos lembrados além dos muros do gueto encoraja-nos na nossa luta. […] O sonho da minha vida tornou-se realidade. A autodefesa no gueto foi uma realidade. A resistência armada judaica e a vingança são fatos. Fui testemunha da magnífica e heróica luta dos homens judeus na batalha.”
No final, a diretora da Livraria Lello, Aurora Pedro Pinto, referiu que quando o projeto lhe foi apresentado e perante os tempos que vivemos atualmente, «foi um dever dizer sim a este projeto, tendo sempre no pensamento um direito que nos deu Mário sores, o direito à indignação» e foi com gosto e sentido de missão que a Lello apoiou a edição do livro lançado hoje e a exposição agora inaugurada.
De referir que a exposição estará patente na Casa da Imprensa até dia 18 de maio e que o ciclo de cinema no Cinema Ideal decorrerá de 22 a 24 de abril.